O desastre econômico de 1929
domingo, abril 19, 2009 | Author:
Saiba um pouco sobre a crise econômica capitalista que provocou a falência de 85 mil empresas e 4 mil bancos, além de levar 14 milhões de pessoas a perderem seus empregos somente nos EUA!

Cataclisma!” Este foi o termo usado por Eric Hobsbawm para definir o desastre econômico capitalista do final dos anos 20. Para se ter uma idéia, 4 mil bancos deixaram de existir. O mesmo destino tiveram 85 mil empresas que faliram ao não encontrar mais investidores para suas ações. Esta situação desdobrou-se no aumento do desemprego que passou a atingir 14 milhões de pessoas somente nos EUA. Suicídios, prostituição, roubos e violência num sentido geral, passaram a fazer parte de um “novo” modo de vida americano, onde um prato de sopa passou a ser bem mais importante do que o conforto dos automóveis e eletrodomésticos.

Antes da 1ª Primeira Guerra mundial (1914-1918), o maior centro de especulação financeira era a Europa, com destaque para Londres. Mas com o desenvolvimento do conflito, a geopolítica mundial sofreu algumas alterações. Exportando créditos, armas, combustíveis e alimentos aos aliados ingleses e franceses, os norte-americanos elevaram seus índices de crescimento industrial, fazendo o seu país ocupar a antiga posição britânica. Terminada a guerra, a Europa deparava-se com o seu espaço geográfico e parques industriais praticamente destruídos, tendo que compensar sua incapacidade produtiva com importações e empréstimos feitos aos bancos americanos. As circunstâncias não podiam ter sido melhores para a nova potência mundial: entre 1921 e 1929 sua indústria cresceu espantosos 90%, destacando-se a automobilística, que fabricava 75% da produção mundial.

Dessa forma, os EUA tornavam-se a fábrica e o celeiro do mundo, em virtude do domínio sobre quase todo o mercado mundial. Sua população otimista e eufórica gozava os benefícios do “American way of life”: bons empregos, filhos na escola, poder e vontade de consumir carros, geladeira, aspirador de pó e mais uma infinidade de produtos que o capitalismo mitificava como essenciais para a vida das pessoas. O preço das ações de empresas quadruplicavam, estimulando a especulação. A classe média economizava para adquirir ações e tentar enriquecer facilmente.

No entanto, o progresso econômico norte-americano era artificial. Sua política de desenvolvimento assentada no liberalismo apresentava contradições que levaram o mundo capitalista ao colapso. O aumento da produção era acompanhado de uma concentração de renda assustadora (os 5% mais ricos detinham 1/3 de toda a renda pessoal do país), que tinha como conseqüências o enfraquecimento do poder de consumo da maioria da população. Contribuía para isso, o desequilíbrio entre o ajuste salarial e o crescimento produtivo. Os salários aumentavam 13% enquanto a produtividade alcançava os 75%. Além de tudo, a bandeira liberal erguida pelos americanos incentiva a concorrência entre as empresas. Na prática, as maiores engoliam as menores, levando a uma política denominada de Big Business (grande negócio), marcada pela formação de trustes e holdings, estimulando ainda mais a distribuição desigual de renda. O economista contemporâneo J. K. Galbraith parecia estar certo ao afirmar que dentro desta prosperidade “estavam contidas as sementes de sua própria destruição”.

A recuperação econômica européia não tardou. A partir de 1925, as indústrias do continente palco da primeira grande guerra haviam superado relativamente os efeitos do conflito, diminuindo cada vez mais suas importações dos Estados Unidos. França e Inglaterra aumentavam sua participação no mercado internacional, enfraquecendo a hegemonia dos Estados Unidos. A “mão invisível” do liberalismo americano não levou isso em conta, pois na medida em que reduziam-se as exportações, sua produção industrial aumentava, agora drasticamente. Somado a isso, o mercado interno norte-americano perdia gradativamente o seu poder de consumo, por razão dos elementos já apresentados. Diante dessa nova realidade de desajuste entre produção e consumo, as ações das empresas começam a desvalorizar-se lentamente. No entanto, no começo de outubro de 1929, a crise se acentuou, chegando ao seu máximo em 24 de outubro, era a “Quinta-feira Negra”, onde milhares de ações foram postas a vendas sem nenhum sucesso. Algumas pessoas acreditavam que a crise era passageira e seguraram suas ações, mas a realidade mostrou-se desastrosa. A quebra da bolsa de valores de Nova York tornava-se óbvio, e o mundo conhecia uma das maiores crises capitalistas da História. À falência de bancos e empresas acrescentava-se o catastrófico índice de desemprego. Famílias famintas esperavam por pratos de sopas concedidos pelo governo ou grupos filantrópicos.

A crise não se limitou aos Estados Unidos. O mundo inteiro abateu-se, com exceção da União Soviética que adotava o modelo econômico socialista. Na América Latina, países como o Brasil, Colômbia, Argentina, Uruguai, Chile, Peru e Cuba reduziram drasticamente as exportações de seus produtos primários (alimentos e matérias-primas).

O presidente Hoover do partido republicano não tomava nenhuma medida considerável para solucionar a crise, acreditando que ela se resolveria sem a intervenção do governo. Sua imobilidade diante da situação, custou-lhe a derrota nas eleições de 1932, onde os norte-americanos elegeram o candidato democrata Franklin Roosevelt com 23 milhões de votos contra 16 milhões de seu opositor.

Roosevelt lançou um programa de medidas sociais e econômicas fundamentada na intervenção do Estado, que tinha como objetivo principal a reconstrução da economia capitalista norte-americana, era o New Deal (Novo Acordo). Para realizá-lo, o novo presidente cercou-se de intelectuais respeitados, que inspirados no economista inglês John Maynard Keynes deveriam orientar o governo na concretização das medidas. Esse grupo de especialistas ficou conhecido como brain trust (confiança nos cérebros).

Dentre as medidas econômicas preconizadas pelo New Deal podemos destacar um programa de obras públicas para absorver a mão-de-obra desempregada e incentivar as indústrias de ferro e cimento, a concessão de empréstimos aos fazendeiros arruinados para estimular a produção, o estabelecimento do salário mínimo, a criação do salário-desemprego, a desvalorização do dólar objetivando tornar mais baratas as exportações, dentre outras.

O intervencionismo do Estado e o planejamento econômico apresentaram grande êxito. Aos poucos a economia norte-americana se reerguia, chegando a total recuperação em 1941. Nesse momento, os Estados Unidos participava de um outro acontecimento que marcou profundamente a História, a 2ª guerra mundial.


por Thiago Magno


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1 comentários:

On 18 de agosto de 2010 às 18:04 , Anônimo disse...

parabéns pela sua dedicação obrigada Bjooos...