Você não percebeu?
São as mesmas palavras sempre
Soando como carrilhões insistentes
Todos os dias em mil vidas passadas
Passados presentes hoje em mim, sentes?!
Quem é você com essa voz de destino?
Esse sou eu!
Ensurdecedor como o silencio feminino!
A lembrança que rege os anos incolores
Das sagradas horas que lhe escrevia.
Já era tarde...
O mundo dormia
O Cariri sonhava
Era noite, eu cantava
Você lacrimejava e sorria.
Sim!!!
Esse sou eu!
O mesmo que te trouxe o perigo e a salvação
Um romeiro antes sem direção
Sem padrinho, sem benção
Entoando benditos
Cabelo e barba esquisitos
Como a branca e azul melodia em questão
Esse sou eu!
Eu sou o mesmo, sempre fui!
Apenas escrevi palavras sem acento!
As abreviações nos desejos é que mudaram.
E mesmo que pra você, a cada dia eu tivesse sido um, não importa
Só vou vivendo a certeza de minhas linhas tortas
Sem medo.
Por que por aqui, sempre há muita mudança!
Os sonhos anunciam os dilúvios, mas, inevitavelmente
A calmaria sempre vem depois das tempestades!
Ainda espero os dias contados nos dedos apontando o céu.
As constelações reaparecendo nas órbitas de meus olhos
Mostrando os caminhos de minha felicidade prometida.
- Você me teme, porque sabe que trago-lhe uma certa segurança.
Entre a alma e o corpo
Tudo são desejos
Pausadas, as virgulas na língua são beijos,
Um ponto final de uma fase
Anunciando o inicio de um novo contexto.
Não recordo-me de ter sido outros com você!
Mas lembro-me de ter deixado contigo um olhar que talvez não te sirva mais
Como as profecias que não se realizaram, ou nossos irmãos que não desencantaram
Como as pedras que não evoluíram em areia ou cantaram
Como o sertão que nunca virou mar, ou o mar que nunca virou sertão.
Como a branca e azul melodia em questão, e tudo mais o que não decifraram.
por Geraldo Jr.
This entry was posted on sábado, abril 04, 2009 and is filed under
poesia
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