Gênio do Renascimento ou assassino?
segunda-feira, julho 27, 2009 | Author:
Michelângelo

Como diz o ditado: “Por trás de todo grande gênio, existe um grande fuxico”. Nunca ouviu essa frase? Talvez seja por que acabei de inventá-la. Mas tudo bem, o gênio da vez é o grande pintor e escultor do renascimento, Michelângelo. De mentalidade difícil e bastante egocêntrico, passou a assinar suas obras somente depois de um episódio que teria talvez ferido sua auto-estima. Após terminar Pietá para a Basílica de São Pedro, estava curioso para saber o que as pessoas iriam pensar de sua obra. Daí, misturou-se a uma multidão que admirava sua escultura e fazia elogios. O problema foi que as pessoas atribuíram o trabalho a vários outros artistas, menos ao verdadeiro. Durante a madrugada, Michelangelo teria voltado ao templo e escrito o seu nome no peito de Maria. Conta-se ainda que para produzir Cristo em escultura, ele teria matado a facadas um rapaz, com o intuito de dissecar o cadáver e estudar os músculos que lhe serviriam de modelo para sua obra. Genialidade ou loucura? É claro que os grandes estudiosos não acreditam que o escultor teria sido capaz de cometer esse crime, mas o fuxico existe ainda hoje.


Pietá - Basílica de São Pedro
A fita que atravessa o peito da Virgem Maria traz a assinatura do autor, única que se conhece: MICHAEL ANGELUS. BONAROTUS. FLORENT. FACIEBA(T), ou seja, «Miguel Angelo Buonarotus de Florença fez.» (Fonte: Wikipédia)

por Thiago Magno

Diploma de Jornalismo
terça-feira, julho 21, 2009 | Author:
A história jogada no lixo

De Alberto Dines em 21/7/2009 (Observatório da Imprensa)

O Estado brasileiro judicializou-se, transferiu-se para os tribunais. A inoperância e desqualificação do Legislativo somada ao caráter circunstancial e casuísta das ações do Executivo levam o Judiciário a assumir uma série de atribuições indevidas.

Atrás desta grave disfunção estrutural está o velho mandonismo e a incapacidade dos agentes políticos para buscar algum tipo de consenso e conciliação. Preferem os impasses logo encaminhados às diferentes instâncias judiciais mesmo quando as divergências são de ordem conceitual, não envolvendo ilícitos ou ameaças.

O STF tem sido a instituição mais procurada para dirimir controvérsias, digamos impertinentes, porque a Constituição de 1988, apesar da fama progressista e cidadã, apresenta enormes lacunas e imprecisões. A pressa em promulgá-la permitiu a sobrevivência de estatutos produzidos durante o regime militar designados aleatoriamente como "entulho autoritário".

Nem a Lei de Imprensa nem a discussão sobre a obrigatoriedade do diploma específico para o exercício de jornalismo deveriam ter sido encaminhadas à suprema corte. Foi um equívoco – ou leviandade – submetê-las à apreciação de um ministro-relator, e em seguida aos seus dez pares, nenhum deles disposto a e suficientemente preparado para mergulhar numa questão complexa e multifacetada.

Tanto o ministro-relator Gilmar Mendes como aqueles que o acompanharam na decisão não conseguiram convencer a sociedade de que haviam entendido a chamada Questão do Diploma de Jornalismo. Deixaram-se iludir pelos autores da representação. É incrível, mas é imperioso e penoso registrar que Suas Excelências, Meritíssimos e Meritíssimas, foram ingênuos. Ao invés de convocar peritos, contentaram-se com constatações simplistas, produzidas pelo senso comum e lugares-comuns.

Reconhecimento da profissão

As entidades patronais que direta ou indiretamente patrocinaram a causa fixaram-se na questão do certificado e menosprezaram o ponto crucial: a existência de uma profissão multi-secular, na verdade bi-milenar, reconhecida em todo Ocidente.

Era mais fácil e mais conveniente eliminar a obrigatoriedade do certificado sob o pífio pretexto de universalizar o acesso à informação do que reconhecer que os precursores dos jornalistas contemporâneos foram os funcionários romanos chamados de diurnarii (daí giornalisti e journalistes). Também chamados de actuarii porque se encarregavam de preparar as atas ou Actas informativas que circulavam na capital do império a partir do século II a.C.

A profissão de jornalista, reconhecida e legalizada, começou com a produção das Actae Diurnae (Atas Diurnas), também conhecidas como Atas Públicas, Atas Urbanas ou ainda Diurnálias. Mas também circulava uma Acta Populi e, para comprovar que nada se cria, tudo se copia, havia até uma Acta Senatus, secreta, que certamente inspirou o senador José Sarney a produzir seus boletins confidenciais.

Os proto-jornalistas foram estudados pelo historiador-jornalista Carlos Rizzini em O Jornalismo antes da Tipografia (Cia. Editora Nacional, S. Paulo, 1968, pp. 4-10). Mais recentemente, o historiador português Jorge Pedro Souza ofereceu preciosas informações sobre uma atividade exercida há dois milênios que o espirituoso presidente do STF, Gilmar Mendes, considera equivalente à dos mestres-cuca (Uma Breve Historia do Jornalismo no Ocidente in Jornalismo: Historia, Teoria e Metodologia, pp 34-44, Edições Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2008).

Hipólito e os redactores

Na apresentação da primeira edição do Correio Braziliense, o primeiro periódico a circular sem censura no Brasil e em Portugal, seu autor, o gaúcho Hipólito da Costa, escreveu com data de 1º de Junho de 1808 uma profissão de fé sobre a nobre missão dos jornalistas aos quais designa como redactores das folhas públicas.

Hipólito delineava de forma inequívoca uma função social e um ofício. Sua convocação dirigia-se primeiramente aos que vivem em sociedade e, em seguida, àqueles que deveriam servi-la. O patriarca do jornalismo estabelecia uma clara diferenciação entre o cidadão e aqueles que devem informá-lo. Não regulamentou a profissão, concedeu-lhe um status especial. Distinguiu-a com a missão de levar a colônia a superar os 308 anos de trevas e silêncio e preparar a sua emancipação.

Dois séculos depois, a conjugação de um Estado capenga e uma corte desnorteada – ou mal informada – jogam nossa história no lixo.

Postado por Cory Matos
Legado
quarta-feira, julho 15, 2009 | Author:

Escreves torto

não obstante

a linha reta

quotidiana.

Mas, escreves,

rabiscas...


O mapa do porvir

n'alma inquieta

acenará

com frases,

verdades,

equívocos:

a sublime

capacidade

de recomeçar.


por Cory Matos

Coisas
domingo, julho 12, 2009 | Author:

Não costumo ter muito cuidado com minhas coisas. Para mim coisas são simplesmente coisas, coisas não tem alma, não tem algo que me faça apegar-me. Minhas coisas costumam se acabar rapidamente.

Mas me interesso muito pela história das coisas. Por exemplo, quando vejo um carro velho, modelo antigo, fico imaginando que aquele carro já foi top de linha, já viajou numa cegonha brilhando de novo, já foi exposto na sala vip da concessionária, já foi paquerado pelo seu futuro comprador, já teve seu tanque cheio pela primeira vez, já fez a alegria de crianças e cachorros, e coisas assim.

Casas velhas também me fazem ter tal sensação. Às vezes, abandonadas no meio de estradas estão casas velhas, feias, e até algumas bonitas. Imagino pessoas trabalhando ao sol, fazendo cimento, erguendo suas paredes, depois imagino famílias vivendo lá, deixando suas memórias presas às paredes daquele lugar que agora só abriga o eco e a lembrança.

Recentemente, uma casa antiga de alguns familiares antigos foi demolida para dar lugar a um estacionamento, minha mãe chorou, me falou justamente o que relatei no parágrafo anterior: pessoas trabalhando, o casal fazendo sua vida, fazendo planos para a tal casa, indo verificar a construção, algum tempo depois, crianças correndo pela casa, o brilho do sol e da lua em seu interior, e coisas assim.

Hoje nada mais existe dessa casa. Algo como a Estrela da Morte, de Guerra nas Estrelas, a destruiu completamente, ficando somente o seu grito abafado na lembrança. Isso realmente faz chorar. É mais ou menos como o que foi relatado em outro filme, Cinema Paradiso, quando toda a história daquela cidade era destruída com a demolição do cinema, também para dar lugar a um estacionamento.

Malditos estacionamentos?

Não! Malditos homens sem memória, sem passado e sem futuro. Sem amor próprio, sem sentimentos e sem medo, sem medo do vazio que irá corroer as suas almas mofadas.

por Michel Macêdo
Fala de Paris?
quarta-feira, julho 08, 2009 | Author:
O velório do "Rei do Pop" foi grandioso. Críticas, elogios e emoção também foram frutos do acontecimento. Mas não é sobre isso que quero tratar. Ao assistir algumas vezes ao depoimento de Paris, filha de Michael Jackson, gostaria de levantar uma suspeita. Ao meu ver as palavras proferidas pela garotinha foram ensaiadas, e soletradas pela tia que estava atrás dela, em virtude de um possível esquecimento. Não questiono o sentimento de Paris pelo pai. Acredito que ele tenha sido um pai alegre, presente e carinhoso. Apenas questiono: Foi espontâneo o depoimento ou um pedido ensaiado dos familiares? Ela disse, "desde que eu nasci o papai foi o melhor pai que vocês podem imaginar. Eu só queria dizer que eu te amo muito” ("since I was born dad was the best father you ever can imagine. I just wanted to say I love you so much."). Abaixo posto um vídeo para que vocês possam analisar. Embora a qualidade veja inferior ao da TV, vocês podem prestar um pouco mais de atenção e tirar suas conclusões.





por Daniel Coriolano
O Senado
sábado, julho 04, 2009 | Author:
O velho Sarney está sendo execrado pela imprensa por um mar de corrupção que assola o Senado Federal, vindo à tona nos últimos meses. Emergindo há pouco tempo fica claro que os desmandos não são de hoje. Mas por que será que só agora os principais meios de comunicações nacionais resolveram dar vida a essa avalanche de pedras que permaneciam de certa forma intacta há tanto tempo, salvo uma ou outra denuncia de vida curta?

O presidente do Senado é o principal alvo das acusações que mancham essa instituição que, a meu ver, de nada serve ao país [a Câmara dos Deputados já bastaria] o Senado Federal - bem definiu um amigo - mais parece um cemitério de ex-governadores. No entanto, a figura oriunda do PDS (Arena), partido da ditadura, José Sarney, já é bem conhecida de tantos carnavais brasileiros e particularmente maranhenses e não é necessário nem passar pente fino para descobrir poucos bons representantes do povo naquela Casa.

O mau hábito de ficar de orelha em pé quando percebo PSDB e DEM e Folha de São Paulo - resumindo - juntos numa empreitada, por mais que verdadeiras as denuncias envolvendo Sarney, isso me cheira muito mal. O Jornal Folha de São Paulo preserva de críticas o governador de São Paulo, José Serra, virtual candidato a presidência em 2010; não encontra mérito algum no Governo Federal na condução da Política Econômica, preferindo acender velinhas para os 15 anos do Plano Real; serviu à ditadura militar no Brasil e, portanto, nas entrelinhas de sua moral e ética do momento, vislumbra-se outros interesses.

Os fatos sucedem-se. As denúncias vão continuar dirigidas ao mesmo alvo e se o velho Sarney não resistir - e olha que vem resistindo há tempos em que nem usava bigode - quem vai assumir a presidência do Senado é o senador Marconi Perillo do PSDB, ex governador de Goiás e principal denunciante do suposto esquema do mensalão, envolvendo PT e governo. Convenhamos que a 17 meses de uma eleição presidencial, comandar essa Casa é tudo que o PSDB anseia... Hum! Tô começando a entender...

por Cory Matos

"Valer a Pena"
quinta-feira, julho 02, 2009 | Author:
Esta expressão está diretamente ligada aos assassinatos cometidos na Grécia Antiga durante a Antiguidade Clássica...

Nessa vida nos arrependemos de muitas coisas que fazemos ou deixamos de fazer, no entanto, existem outras que realmente “valem a pena”. O termo citado tem uma origem bastante curiosa, e nos obriga a voltar a atenção para os assassinatos na Grécia Antiga. Por volta do século V, os matadores costumavam dar aos parentes de sua vítima o poiné, uma espécie de indenização ou compensação em dinheiro pela morte do indivíduo. Assim, muitas pessoas inconformadas afirmavam que a poiné (termo que originou a palavra pena) ofertada pelo matador não valia ou compensava a morte do parente, daí o termo não vale a “poiné” ou “pena”.

por Thiago Magno
Coincidência...
quarta-feira, julho 01, 2009 | Author:
Recebemos um comentário do nosso parceiro, JOAZEIRO.COM, sobre a postagem "Calçadas de Juazeiro" do nosso blog. Coincidências a parte, eles já haviam publicado um poema cujo título é o mesmo. Abaixo reproduzimos o comentário e o poema.

1 de Julho de 2009 18:38 , joaseiro disse...

Por coincidência, ano passado publicamos um poema com quase o mesmo nome no Joaseiro.com. Vejam só:



As calçadas de Juazeiro
Célia Morais

Ai que saudades que eu tenho
Das calçadas de Juazeiro
Quando eu era bem pequena
E brincava o dia inteiro
Nas calçadas de tijolo
Sempre eu chegava primeiro

Eram calçadas tão largas
Mais pareciam uma pista
Andava de bicicleta, patinete e patins
As da Rua Padre Cícero
Eram lindas de morrer
E nas Malvas nem se fala
Pois foi lá onde eu morei

Calçadas também escutavam
Histórias de assombração
Depois vinham as brincadeiras
Camaleão olha o rabo dele
Noites passam depressa
Não tinha televisão

Passou-se o tempo e eu passei
A ver o que não queria
A ver o que aconteceu
E acho que não gostei
Calçadas de Juazeiro
Não tem mais, desapareceu

Tem calçada que sobe
Tem calçada que desce
De repente ela encurta
De repente ela cresce
E nesse vai e vem
A coluna é que padece

Você acha isso certo?
Você acha isso bom?
Ver o povo na rua
Pois calçada não tem
E já se perguntou
Porque isso acontece

Só encontra a resposta
Quem dirige um transporte
Você acha isso grosseiro?
Falta de educação?
Pois isso só acontece
Pra quem mora em juazeiro
E é coisa sem solução

Eita terrinha sem lei
Terrinha sem urbanismo
Aqui não dá para cantar
“Se essa rua fosse minha…”
Pois se você for tentar
Você cai é num abismo

Uma coisa vou lhe dizer
É uma pena que seja assim
Pois eu amo essa terrinha
Terrinha do meu Padim
E tomo a liberdade
De achar isso ruim

Com calçada ou sem calçada
Vou ficando por aqui
Estou beirando os setenta
Não ando mais de patins
Pra que calçada tão grande
Pra que calçada sem fim.

http://joaseiro.com/2008/07/21/as-calcadas-de-juazeiro/

por Equipe Questio Facti