O bicho morde o peito, injeta esse veneno inebriante que não mata, ao contrário, desperta uma motivação para busca de novos rumos, novos caminhos, novos horizontes. Desperta um "Cristovão Colombo" em busca de terras virgens a dormitar no interior de cada um. O bicho vem não se sabe de onde - um caramujo que foge da concha e seu corpo despido assusta e encanta - domina o habitat, deixa a brisa conduzir o seu estranho odor que impregna o ar, transmuta-se e, alado, ganha o espaço e vai em busca das gentes, morde, espalha sua peçonha e, num passo de mágica, mata - quase sempre - a tristeza, destrói ou tolda por algum tempo a iniquidade, a perfídia, a falta de solidariedade, o desamor... Que sazonalidade criou condições para o sugimento dessa espécie a dominar todos do planeta nesse instante extraordinário?, pouco importa, importa sim o que fazer, cada vítima do estranho alienígena, para não deixar desvanecer essa substância injetada sem que frutos fecundos estejam espalhados pelo mundo afora...
Cory Matos
'Esperança, essa coisa emplumada'
Esperança, essa coisa emplumada
Que pousa na alma
E canta, sem as palavras, a toada,
E nunca se acalma,
Dulcíssima é ouvida na tormenta;
E severa a tempestade se torna,
A que o pequeno pássaro arrebenta,
A que a muitos torna a vida morna.
Ouvi-a na maré menos amena,
Na terra que menos agasalha;
E, mesmo sem sua força plena,
Ela me pediu uma migalha.
Emily Dickinson
Por Cory Matos
Céu
Há 3 semanas
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