Propaganda política
sexta-feira, agosto 14, 2009 | Author:
Eu me lembro muito bem, lá pelo final dos anos 70, quando eu já me dava por gente, da propaganda política.

Era somente um cartaz (acho que era um cartaz mesmo) com a cara do candidato, enquanto um locutor ia lendo a sua biografia, uma coisa patética que nos obrigava a desligar a televisão imediatamente.

O tempo foi passando, os candidatos começaram a falar e se movimentar na tela.

Lembro-me muito bem da campanha de Tasso Jereissati, na época, contra Adauto Bezerra para governador do Ceará, onde ele mal aparecia, o programa era quase que exclusivamente, apresentado por um apresentador tarimbado que não me lembro o nome – mas ele não deve ser boa pessoa, já que também fez o mesmo por Fernando Collor.

Hoje em dia as campanhas na TV são verdadeiros video-clips dos candidatos, onde eles, acho, mal opinam, servem mais como atores do que como candidatos mostrando SUAS propostas. Isso também é algo patético.

Claro, nem todos são bons atores, e isso é visto às claras na TV.

Fico imaginando todo aquele stress por trás daquele sorriso na TV, dezenas de pessoas correndo de um lado pro outro, outras dezenas pedindo silêncio, corta aqui, corta ali, vamos refazer, cuidado com a luz, com o som, olha o continuísmo, etc., afinal, o que vemos é um verdadeiro filme, uma verdadeira novela, super ensaiada e bem produzida.

Outra coisa que também está ficando patética são os debates na TV, onde durante os intervalos dezenas de secretários ficam passando e colhendo informações dos candidatos.

Fico imaginando se daqui a alguns anos os candidatos nem precisarão ir aos debates, sendo representados pelos seus advogados.

Fico imaginando também a que ponto chegamos, procuro entender todo o caminho histórico percorrido desde as primeiras eleições do mundo, onde não havia propaganda política, onde apenas a figura do candidato era importante, seu currículo e mais nada.

Em breve, também, quem sabe, durante a propaganda política também não se abra um espaço para merchandising de remédios para emagrecer, parar de fumar ou até para viciados em TV – eles merecem.

por Michel Macêdo

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