Profissões
sexta-feira, fevereiro 27, 2009 | Author:
Eu já conhecia a palavra PLATÔ, muito citada na Enciclopédia Vida Íntima, que me orientou muito na minha vida sexual (passei a minha adolescência lendo e até decorando), então PLATÔ é a fase de intensa excitação que precede o orgasmo. Segundo o Aurélio, PLATÔ é um disco dotado de molas compressoras sob cuja ação ele transmite a força do motor às rodas de fricção.

Mas, eis que minha namorada está trabalhando na produção de um filme e me fala que vai ao aeroporto esperar a diretora de platô.

Junto com a grande interrogação que veio à minha cabeça, vieram também imagens de bobagens que a gente pensa nessas horas: seria então um filme pornô? Ela deve ser uma gata pra trabalhar num troço com esse nome...

Tudo veio abaixo quando apareceu aquela criatura estranha que parece ter saído de um filme de Guerra nas Estrelas (por que é que as mulheres tentam perder a feminilidade quando trabalham em algo estranho?).

E eu descobri o que diabos é Diretor de Platô, primeiro me disseram que PLATÔ é tudo (essa explicação é ótima, todos nós já a ouvimos bastante). Resumindo, diretor de platô é o escravo que acorda mais cedo que todos e vai com todo o material necessário para o set de filmagem para deixar tudo em ordem, e quando tudo acaba, é o último a sair carregando todo o circo de volta, seria algo tipo o coletivo de contra-regra.

Agora vamos, por que diabos eu estou escrevendo esse texto?

Sabe o que me veio à cabeça ao ver tudo isso? O que leva alguém a ser “diretor de platô”? Já sabemos que todos têm uma história, mas putz!!! Que raios de história é essa?

Fico imaginando aquela criancinha alegre e sorridente, daí lhe perguntam: “O que você vai ser quando crescer?” e ela responde: “Diretor de Platô”, já pensou nisso?

E daí comecei a pensar em outros tipos de trabalho que a gente nem imagina que existe, outro dia Jô Soares estava lendo sobre um senhor que trabalha num zoológico num país longínquo como masturbador dos animais. É, isso existe também, para evitar o stress dos mesmos. Pensou também nessa criancinha dizendo que vai ser isso quando crescer?

Ao mesmo tempo fico imaginando também as galinhas, ou mesmo outro tipo de animal fadado a morrer para servir de alimentação. Existem galinhas que viram frango de natal, isso é algo legal, é importante, fica até bonito rodando naquela máquina de galeto, ou mesmo numa embalagem de luxo em um supermercado. Mas também existem aquelas que servem para coxinha, perdendo toda a sua integridade. Se eu fosse uma galinha, faria de tudo para não virar coxinha, isso acontece também com os peixes, alguns são levados à mesa para serem escolhidos e fritos lindamente, outros viram ração, que destino cruel não é mesmo?

Todos têm uma história, algumas não são nada importantes, mas bem que poderiam, a história é feita de gente diferente. Tente!

por Michel Macêdo

Campanha de guerra
segunda-feira, fevereiro 23, 2009 | Author:

Não digo para não doar sangue! Apenas questiono a prerrogativa.


Carnaval s.m. – Três dias de folia que antecedem a quaresma. Por volta de quarenta dias para a páscoa, data em que comemoramos a ressurreição de Cristo, vejo as campanhas de carnaval, e uma delas, que em outros carnavais passou sem maiores questionamentos pelo meu olhar distraído, agora não me deixa quieto. Nela diz para doarmos sangue em virtude do período festivo que se aproxima, assim haverá estoque suficiente de bolsas para as necessidades certas e conhecidas dos hemonúcleos durante o período. Irônico e trágico!

As coisas não andam muito sensatas e de vez em quando me encontro questionando situações comuns como essa. Carnaval é definido pelo dicionário como temporada de folia, mas pelo que vejo deve ser definido como “ocasião de folia e de necessidades extras de sangue”.

O carnaval como festa popular segue o espírito da coletividade com suas atribuições positivas e negativas. E como uma sociedade que mostra sua face de falta de educação (também no trânsito), altos índices de criminalidade e estímulo à apreciação de músicas “pornográficas” (até mesmo por parte do governo quando financia apresentações das “pornobandas”) pode não vivenciar isso? Ingenuidade não ter percebido antes.

É certo que os adjetivos expostos soam caricatos, e que sejam. Acredito também na face da sociedade e do carnaval onde a vontade e o trabalho caminham no sentido da construção de um bem-estar psicossocial.

Como doador, estudante de medicina e, portanto, agente da promoção da saúde, espero o dia em que campanhas de guerra(como podem ser as de doação de sangue) não precisem ser utilizadas em nosso carnaval.

Ainda ingênuo? Talvez...

Publicada no Jornal Super Tempo Click aqui para baixar o arquivo.

por Daniel Coriolano